Estudos apontam que a ingestão de proteínas em doses
adequadas pode trazer benefícios clínicos aos praticantes de treinamento de
força.
Nos últimos anos, a nutrição tem sido alvo de crescente
interesse por parte de atletas e praticantes de atividade físicas, cada vez
mais conscientes dos benefícios que uma alimentação adequada pode trazer quando
associada ao treinamento de força ou atividade aeróbia.
Cuidando de sua alimentação, o esportista conseguirá manter
a sua saúde, preservar sua composição corporal, favorecer o funcionamento das
vias metabólicas associadas à atividade física, retardar a fadiga aumentando a
resistência ao exercício, incrementar a massa muscular (hipertrofia) e auxiliar
na recuperação de lesões ou danos eventualmente provocados pelo exercício.
A hipertrofia vem sendo muito estudada atualmente por
nutricionistas e profissionais de educação física, uma vez que a síntese protéica,
ou anabolismo, é um dos principais focos dos praticantes de atividade física.
Alguns fatores não modificáveis, como a genética, são cruciais no incremento de
massa muscular, porém outros podem ser manipulados para o alcance deste
objetivo como: exercício, estado de treinamento e ingestão de alimentos.
Muitas estratégias nutricionais são utilizadas para o
aumento da massa muscular. Dentre elas estão a ingestão de carboidratos e de
carboidrato associado à proteína.
A proteína é um composto formado por ligações altamente
energéticas entre os aminoácidos. Os aminoácidos têm papel importante no
organismo como: tampão no sistema de pH das células; proporcionam os principais
blocos estruturais para a síntese dos tecidos, dentre eles o muscular;
incorporam também nitrogênio nos carreadores de elétrons em algumas enzimas
(NAD e FAD); são componentes da hemoglobina (transporte de oxigênio dentro da
célula muscular). Ainda assim, são progenitores de hormônios da família das
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e do neurotransmissor serotonina,
além de ativar as vitaminas, que desempenham um papel chave na regulação
fisiológica. As células animais não sintetizam todos os aminoácidos, sendo que
alguns devem ser ingeridos com o alimento. Assim, eles podem ser classificados
em dois tipos: os essenciais, que não podem ser sintetizados pelo corpo e não
essenciais, que são sintetizados pelo organismo.
De acordo com especialistas, a síntese protéica está
aumentada durante aproximadamente 48 horas após uma sessão de treinamento de
força. O aumento da massa magra, obviamente é resultado de um balanço
nitrogenado positivo e crônico e a ingestão de proteínas tem grande papel no
ganho de massa magra, sendo esse mediado por alguns sinalizadores dentro da
célula muscular.
Experimentações em cobaias vêm se tornando uma opção nos
laboratórios de pesquisas científicas para avaliação de parâmetros metabólicos
e funcionais relacionando suplementação de aminoácidos e exercício.
Pesquisadores brasileiros demonstraram que a suplementação de 45 mg de
aspartato e asparagina (aminoácidos não essenciais) promoveu maior tempo de
tolerância ao esforço em ratos submetidos à natação. Marquezi e outros
pesquisadores, em 1999, demonstraram que os aminoácidos aspartato e asparagina
podem promover maior fluxo de transportadores de elétrons do sarcoplasma
(citoplasma da célula muscular) para o interior da mitocôndria (“usina de
energia” das células musculares) via sistema de lançadeira aspartato-malato.
Esse sistema possui a capacidade de transferência de elétrons sem promover
aumento do lactato, o que deixou os animais suplementados com maior tempo de
resistência ao esforço.
Estudo publicado no jornal americano de nutrição, avaliou 26
homens idosos suplementados com 20 gramas de proteína antes e após 12 sessões
de treinamento de força. Os autores encontraram uma hipertrofia maior em fibras
musculares do tipo II (no grupo suplementado).
A suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada –
leucina, isoleucina e valina – surgiu com a hipótese da fadiga central. Esse
tipo de fadiga seria causada por um declínio da concentração plasmática de BCAA
permitindo, então, um maior influxo de triptofano livre no cérebro, que por sua
vez é um precursor do neurotransmissor serotonina, relacionada ao estado de letargia,
cansaço e sono. Dentre os BCAAs, a leucina é de extrema importância para
estimulação da síntese protéica durante o período de recuperação muscular após
o exercício.
Não apenas as melhoras na performance física e os benefícios
de composição corporal de praticantes do treinamento de força pode-se observar
com a ingestão de proteína. Benefícios clínicos também são bem abordados pela
literatura científica, como por exemplo, a utilização do Whey Protein. Em uma
série de condições clínicas tais como câncer, AIDS/HIV e hepatite, os
benefícios à saúde da suplementação com Whey Protein são bem documentados.
Segundo Hoffman (2004), a proteína do soro do leite é uma ampla fonte de
cisteína podendo, por isto, aumentar os níveis de glutationa.
A glutationa é a peça central do sistema de defesa
antioxidante do organismo que protege as células contra danos provocados por
radicais livres, poluição, toxinas, infecções e exposição a raios
ultravioletas. Os níveis de glutationa diminuem com a idade e este declínio é associado
à fase inicial de muitas doenças relacionadas ao envelhecimento, tais como o
mal de Alzheimer, catarata, o mal de Parkinson e aterosclerose. Além disso, as
concentrações de glutationa parecem determinar alterações na composição
corporal como aumento da massa magra e redução da porcentagem de gordura.
Além do prejuízo à saúde, um balanço nitrogenado pode
ocorrer até mesmo quando a ingestão de proteína ultrapassa o padrão
recomendado, se o organismo cataboliza (quebra) proteína em virtude da ausência
de outros nutrientes energéticos. Indivíduo que pratica o treinamento de força
pode consumir uma quantidade adequada ou excessiva de proteína, porém uma
quantidade insuficiente de energia proveniente dos carboidratos ou lipídios.
Nessa situação, a proteína passa a constituir o componente energético primário,
o que gera um balanço protéico nitrogenado negativo, que acarreta a perda de
massa muscular.
Uma orientação nutricional personalizada, juntamente com um
treinamento adequado e bem elaborado, proporcionará aos praticantes grandes
conquistas e excelentes resultados. Lembre-se: uma dieta equilibrada deve
respeitar as quatro leis do escudeiro: adequação, harmonia, quantidade e
qualidade.
Fonte: Revista Suplementação, ano 2, número 4.
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